Meu Bairro... Moro Aqui: Brejo da Guabiraba
A praça serve como ponto de encontro para todos no bairro |
Por: Anax Botelho
Fotos: Roberta Menezes
A Agenda
Cultural do Recife continua com sua missão de registrar nas suas páginas, a
história dos bairros e do povo que constrói as diversas identidades da Capital
Pernambucana nos seus 477 anos. Nesta edição, a série Meu Bairro... Moro Aqui vai ao Brejo da Guabiraba, localizado entre
a Avenida Norte e a BR 101, pertencente à Região Político-Administrativa 3 (RPA
3), Zona Norte da cidade. Conhecer o cotidiano da população de quase 12 mil
recifenses, onde o verde das árvores e as relações sociais não se apagaram com
a vida corrida da Metrópole, resume o Brejo da Guabiraba no seu centro comercial,
altos e diversos córregos.
Nossos guias |
Para guiar esse passeio por um bairro com
bastante sementeiras e agitada vida cultural, convidamos o professor de dança
Valmir Silva, 40 anos de vida e dedicação à comunidade, e a educadora Verônica
da Silva, 52 anos, nascida e criada na região. Os dois participam do Grupo
Sementes do Amanhã da Guabiraba, fundado em 1989, e agente ativo na vida
política e cultural da região até os dias de hoje. Segundo Valmir, o Grupo
serve principalmente como centro de articulação cultural do bairro, e
atualmente conta com o projeto Cia. de Danças Folclóricas, além de organizar
desde 1994 o Bloco Carnavalesco Semente em Folia. Sua sede fica de portas
abertas para outros grupos da região, como grupos de artes marciais e grupo de
redução de danos para jovens. “Articulação e movimento. Estar junto das pessoas
do Brejo da Guabiraba”, relata Verônica sobre sua relação com o local.
Altos fazem parte da geografia do local |
Ao percorrer as ruas do bairro com os guias,
notamos o orgulho da identidade e organização dos moradores. Segundo Valmir e Verônica,
a Igreja do Bom Jesus, além da escola e creche, atualmente administradas pela
Prefeitura do Recife, foram construídas pela comunidade, com o incentivo dos
comerciantes locais. Nessa viagem de engajamento e autonomia para construir um
bairro melhor, chama atenção a praça do bairro. É nela que ocorre a maioria das
atividades festivas das igrejas, de jovens, de grupos culturais, entre outros. A
história da praça começa com a iniciativa dos moradores que, entre 2009 e 2010,
durante oito meses, arrecadaram dinheiro com rifas e mutirões de trabalho para a
construção desse espaço. É nesse local que observamos a forte identidade do
bairro e do povo que nele mora. Atualmente, a praça serve também como ponto de
encontro, onde os moradores têm os momentos de diversão e enriquecimento
cultural. “A praça é o coração do bairro, onde todo tipo de pessoa se encontra
para comemorar o Dia das Crianças, o Dia das Mães, shows de rock, caboclinhos
etc.”, diz nosso guia Valmir.
Grupo é na vida do bairro desde 1989 |
Seguindo pelo centro comercial, em frente à
Guarita da Polícia Militar, ponto de referência do bairro, encontramos o
presidente do Conselho de Moradores, Edmilson Gitay, popularmente conhecido
como Arapinha. Para ele, o conselho serve para lutar pelas demandas da
comunidade, além de criar e incentivar atividades para as crianças e
adolescentes do bairro. Em rápida conversa com Arapinha, ficamos sabendo sobre
um antigo time de futebol da região, o Pitulândia, fundado por um grupo de
amigos em 1998, e, depois de dois anos, a criação de um bloco de carnaval. Atualmente
um dos maiores e mais tradicionais do local.
Ao continuar passeando por essa região do
Recife, vemos muitos mercadinhos, padarias, lojas e um banco para efetuar transações
básicas. “Quem vive aqui, não quer sair, dá para resolver aqui mesmo. Tem tudo
aqui”, diz o professor de dança que, questionado sobre sua relação com o
bairro, fala abertamente sobre o sentimento que os une. “Desde que me entendo
como gente, minha relação com o Brejo da Guabiraba é de descoberta. Sempre
encontro algo novo no bairro”, diz.
Nesse espaço de forte interação social, a
presença das escolas São Cristovão e Municipal da Guabiraba têm ampla
participação no cotidiano da população. Além de fornecer transporte para os
jovens terem acesso ao ambiente escolar, o apoio à prática esportiva é uma das
características do lugar. “A quadra fica disponível para os jovens da
comunidade. Eles fazem várias atividades, porém o mais comum é o futebol de
salão (futsal) e o vôlei”, relata nosso guia.
Respeito e tolerância religiosa são características do local |
A vida religiosa na localidade é outro ponto
bastante forte no Brejo da Guabiraba. Segundo nossos guias, a comunidade tem
forte influência da religião católica, protestante e do candomblé. Todos
moradores participam das atividades organizadas pelos grupos religiosos na
praça. “Quando os grupos fazem festa e/ou estão lutando em prol da comunidade,
todos participamos e apoiamos”, diz Valmir, destacando o respeito e tolerância
religiosa presente entre os moradores da região.
Este mês começam os ensaios dos dois
caboclinhos do bairro, o Taquaracy e o Pantera Negra. Toda sexta-feira é
realizada uma feira de artesanato e diversos eventos na Rua Cassiterita, e aos
sábados e domingos um bazar organizado pela Igreja do Bom Pastor. É na vida corrida
da Cidade, que se torna cada vez mais necessária a organização social, e o
Brejo da Guabiraba não deixa por menos, continua com sua luta pela identidade
local do bairro. O Brejo da Guabiraba vive o bairro. Nele se produz e se
consome uma forte e rica produção cultural. Sem tirar os pés do chão de origem,
os moradores também são protagonistas na vida da Capital Pernambucana.
A origem do nome do bairro Brejo da Guabibaira?
ResponderExcluirEu amor morra aquim
ResponderExcluirGosto muito de morar aqui um bom local. E perto de tudo Guabiraba meu amor
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