Cardeal-amarelo ocorre da Argentina e Uruguai ao sul do Rio Grande do Sul. — Foto: Edson Endrigo
Valorizar as aves que habitam o Rio Grande do Sul, compartilhar conhecimento e estimular a preservação da natureza são alguns dos objetivos do fotógrafo Edson Endrigo e do biólogo Rafael Antunes, com o lançamento do livro “Aves – Estado do Rio Grande do Sul”.
A obra de 256 páginas e 250 fotos é fruto de um trabalho de 15 anos que o fotógrafo realiza em solo gaúcho, passando pelas cidades de São Francisco de Paula, Tavares, Uruguaiana, Barra do Quaraí, Gramado e Rio Grande. Este é o 20º livro publicado por Endrigo.
Endrigo destaca algumas espécies presentes no livro, como marreca-colhereira (Spatula platalea), narceja-de-bico-torto (Nycticryphes semicollaris), caminheiro-de-unha-curta (Anthus furcatus), flamingo (Phoenicopterus ruber), papagaio-charão (Amazona pretei), pomba-do-orvalho (Patagioenas maculosa), beija-flor-dourado (Hylocharis chrysura), sanã-cinza (Laterallus spilopterus), picapauzinho-carijó (Picumnus nebulosus), tapaculo-ferreirinho (Scytalopus pachecoi) e joão-platino (Asthenes hudsoni).
“A minha preferida é a narceja-de-bico-torto, uma ave discreta, que sabe se camuflar bem”, diz. A ave ocorre no Sudeste e Sul do Brasil, Paraguai e Uruguai até o Chile central e a Argentina central, habitando em planícies de terra encharcada, como estuários, rios e gramados molhados, e se alimentando de insetos, larvas, crustáceos e sementes.
A espécie que ilustra a capa da obra é o veste-amarela (Xanthopsar flavus), ave ameaçada de extinção também conhecida como pássaro-preto-de-veste-amarela.
Veste-amarela, que ilustra capa do livro, é uma ave ameaçada de extinção. — Foto: Edson Endrigo
“Não é uma espécie endêmica do Rio Grande do Sul, ela ocorre também na Serra de Santa Catarina, mas eu considero como uma ave símbolo da região. É um bicho muito desejado de ser encontrado por observadores, porém cada vez mais raro”, destaca Endrigo. O fotógrafo explica que os brejos onde essa espécie procria são usados para plantação, o que dificulta a preservação.
“Posso dizer que tenho até um envolvimento emocional com o veste-amarela. Já fiz viagens em que vi bandos de 100 ou 200 dessa espécie. Mas depois em outra passarinhada via um casal e olhe lá. É uma ave que eu preciso encontrar toda vez que vou para o Rio Grande do Sul. Quando não vejo parece que fica faltando algo na viagem”, brinca.
Além de chamar a atenção de quem já observa aves, os autores pretendem alcançar um público novo: aquele que não conhece de perto essas espécies. Para isso, Endrigo explica que os textos do Rafael Antunes são feitos em uma linguagem mais simples, para que todos os leitores possam compreender informações de localização, comportamento, características etc.
Textos são escritos com linguagem simples para alcançar público que não conhece as espécies. — Foto: Edson Endrigo
Todo o trabalho de tratamento de imagens e diagramação é feito pelos autores. “Temos o apoio do diretor de artes Marco Bernardes e da Companhia Suzano, que faz a doação do papel”, conta. O livro pode ser adquirido no valor de R$ 165,00 no site da editora Aves & Fotos, marca especializada em publicações de avifauna criada em 2003 por Endrigo.