Jaguariaíva: A melhor do Paraná completa 199 anos

Jaguariaíva: A melhor do Paraná completa 199 anos

Vista aérea de Jaguariaíva e condomínio Matarazzo

Emerson Teixeira

O município de Jaguariaíva comemora seus 199 anos neste 15 de setembro com uma história que pode ser dividida por ciclos e que iniciou com o tropeirismo, após a era da ferrovia, o desenvolvimento com a chegada das indústrias Matarazzo, após o ciclo da madeira e mais recente o ciclo industrial.

A posição do município, no encontro atual das rodovias PR-151 e PR-092, é como um funil que liga o Sudoeste e Sul do Brasil, e foi nesse ponto que no século XVII bandeirantes paulistas e tropeiros de gado, através do histórico Caminho do Sorocaba que ligava São Paula a Viamão, no Rio Grande do Sul, se encontravam e faziam suas paradas. Essa localização já chamou atenção em outros tempos e foi utilizada na Revolução de 30 e na Revolução Constitucionalista de 1932, pois a cidade era considerada um ponto estratégico importante, tendo em vista o entroncamento ferroviário que liga São Paulo ao Sul e o norte do Paraná ao vizinho paulista.

Perfil

Atualmente Jaguariaíva conta com uma população superior a 35 mil habitantes e acumula crescimento populacional de 7,93 por cento ao longo da última década. Desse total, 86 por cento vivem na cidade e em torno de 14 por cento na zona rural. Segundo dados da Prefeitura de Jaguariaíva, a maioria da população, pouco mais de 53 por cento se declara sem instrução e com ensino fundamental incompleto. Já aqueles que possuem ensino médio completo e ensino superior incompleto estão em segundo na escala e reúnem 22,24 por cento. O terceiro público, com 15,9 por cento estão os que possuem ensino fundamental completo e médio incompleto. Na menor parcela estão os jaguariavenses que têm ensino superior completo, em torno de 7,9 por cento.

História

O historiador Rafael Pomim destaca que a história do município pode ser dividida em ciclos econômicos que alteraram de forma significativa a evolução do município. “Três deles foram primordiais: a chegada da Ferrovia no início do século XX, mais precisamente o ano de 1905 com a inauguração da primeira estação ainda em madeira; a abertura do Frigorífico Matarazzo em 1920 e a instalação da PISA Papel Imprensa em 1984. Ambos os três, além de considerável desenvolvimento urbanístico à época, atraíram uma variedade de migrantes e imigrantes das mais variadas localidades, com o Matarazzo, por exemplo, vieram diversas etnias, tais como italianos, portugueses, poloneses, russos, alemães, espanhóis entre outros”, descreve o historiador.

Preservação e desenvolvimento

Parte da história de Jaguariaíva está preservada na Estação Ferroviária que atualmente abriga um Memorial Ferroviário e remete ao início do século XX. “O edifício em alvenaria substituiu o de madeira, que foi inaugurado em 1936. Em 2000 foi tombado como Patrimônio Cultural do Estado e reconhecido pelo IPHAN em 2007”, conta Pomim.

A estação ferroviária é considerada um belo exemplar arquitetônico. Construída em alvenaria no padrão de uma estação de médio porte possui estrutura de uma estação de primeira classe. Assim como ocorreu em outras cidades brasileiras, a instalação da estação passa a constituir ponto de referência para a comunidade. Por isso, atualmente a cidade esta dividida geograficamente em duas partes: Cidade Alta, originária da antiga fazenda da família Lobo e Cidade Baixa, que é formada após a implantação dos trilhos da ferrovia São Paulo – Rio Grande e de sua respectiva estação.

A cidade favorecida por este meio de transporte assumia uma postura de progresso, já que a invenção mais fascinante do século estava lá; atraindo pessoas, negócios e melhorias urbanas. Um grande impulso se dava para a economia do município e atraia os olhares de investidores. Nesses trilhos do progresso chega a Jaguariaíva, na década de 20, as indústrias Matarazzo, que altera a economia local com a instalação de um parque fabril.

As indústrias, localizadas estrategicamente atrás da estação de trem, direcionaram o centro comercial da cidade para esta localidade, compondo o espaço com hotéis, restaurantes, agências bancárias e até uma nova igreja, construída sob patrocínio do Conde Matarazzo, para atender a população que se formava nesta parte da cidade. Neste período a linha ferroviária de Jaguariaíva se constituía num importante entroncamento de ferrovias ligando o Estado do Paraná com outras regiões do Brasil.

Cemitério de vagões

A história do ciclo de desenvolvimento através da ferrovia está preservada no Memorial Ferroviário e nas memórias de historiadores e da população mais antiga de Jaguariaíva. Dos tempos de progresso, de um período importante da história do município e do Norte Pioneiro, só restaram o acervo histórico depois que no início da década, após o Governo Federal entregar por meio de concessão as ferrovias à iniciativa privada, onde os trechos com baixa densidade foram desativados.

A concessionária responsável pela linha férrea foi estocando vagões ao longo do trecho entre a cidade e a localidade de Joaquim Murtinho o que gerou o famoso cemitério de vagões que atraiu centenas de curiosos de diversas regiões atrás do tal cemitério de trem e inundaram as redes sociais com a hashtag cemitério de trens ou no formato que é encontrado no Instagram e Facebook #cemiteriodetrens. Até um pin de localização é possível encontrar com o nome e que leva aos vagões, ou pelo menos levava, é que o conta o historiador Rafael Pomim. “Na verdade o cemitério de vagões já foi quase todo desmontado pela terceirizada da Rumo [concessionária] que vendeu. Foram literalmente picados”, descreve.

Túnel

Com a desativação da linha férrea, outro atrativo turístico que surgiu foi o túnel Fábio Rego. Construído em 1956, com exatos 863 metros de comprimento, fazia parte da linha férrea Itararé – Montevidéu desativada em 1994. O túnel cruza a rodovia PR 151 entre Itararé (SP) e Jaguariaíva.
O local passou a ser explorado pelos praticantes de offroad, tendo em vista que para sua travessia é necessário tração 4×4 e uma boa altura do solo em função da profundidade da água, que pode chegar a 1m ou mais, dependendo das chuvas na região.

A melhor do Paraná

Uma expressão é ouvida e lida pelos quatro cantos do Paraná e causa a curiosidade das pessoas – “a melhor do Paraná”. De acordo com o historiador Rafael Pomim a origem remete a participação de escolas do município nos Jogos Escolares do Paraná, o JEP’s, “sendo utilizado como ‘grito de guerra’ pelas torcidas acaloradas que diziam em alto e bom som que Jaguariaíva era a Melhor do Paraná pela farta conquista de títulos e premiação obtidos”, conta. Rafael cita que com o advento das redes sociais o grito de guerra foi ‘digitalizado’. “Primeiramente o saudoso Orkut, no qual havia um Grupo com a temática de “Eu moro na Melhor do Paraná” e depois com Facebook e Instagram, neste último se fortalecendo com a famosa “hashtag”, tornando-se cada vez mais popular”, relata.

Museu Conde Francisco Matarazzo. Foto: Divulgação
Antiga Estação Ferroviária, agora museu ferroviário. Foto: Divulgação
Cachoeira Véu de Noiva . Foto: Divulgação / Renan Areias

Redação Página 1

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