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Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 20ª Região

Recurso Ordinário Trabalhista


0000385-78.2022.5.20.0006
Relator: JOSE AUGUSTO DO NASCIMENTO

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 10/10/2022


Valor da causa: R$ 1.000,00

Partes:
RECORRENTE: FEDERACAO DO COMERCIO DE BENS, SERVICOS E TURISMO DO
ESTADO DE SERGIPE
ADVOGADO: ADLER WILLIAMS RODRIGUES JUNIOR
ADVOGADO: victor ribeiro barreto
RECORRENTE: CHAPA 2
ADVOGADO: ANDIRA DE ALBUQUERQUE SANTANA
REPRESENTANTE: JOSE MARCOS DE ANDRADE
RECORRIDO: CHAPA 1
REPRESENTANTE: ROGER DANTAS BARROS
ADVOGADO: WALBER MUNIZ BEZERRA
REPRESENTANTE: WALKER MARTINS CARVALHO
REPRESENTANTE: BRENO PINHEIRO FRANCA
REPRESENTANTE: ABEL GOMES DA ROCHA FILHO
TERCEIRO INTERESSADO: CAIXA ECONOMICA FEDERAL
PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE
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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 20ª REGIÃO
GAB. DES. JOSÉ AUGUSTO DO NASCIMENTO
ROT 0000385-78.2022.5.20.0006
RECORRENTE: FEDERACAO DO COMERCIO DE BENS, SERVICOS E TURISMO
DO ESTADO DE SERGIPE E OUTROS (2)
RECORRIDO: CHAPA 1

Vistos, etc.

Por meio da petição avistável no ID 58c1224, a parte


denominada CHAPA 02, acionada nestes autos, pleiteia o efeito suspensivo ao recurso
ordinário por ela interposto, arguindo, em síntese, para tanto, que:

“(....).

A probabilidade de provimento do Recurso Ordinário interposto


pela Recorrente é nítida, tendo em vista que diante de toda a argumentação constante
em seu bojo, restou demonstrado que o processo eleitoral da FECOMÉRCIO/SE se deu
no mais perfeito atendimento às diretrizes legais que o disciplinam, não havendo
qualquer irregularidade e, consequentemente, nenhuma razão para anulação do
processo eleitoral.

Todas as fichas de registro de candidaturas da Recorrente


estavam devidamente preenchidas e assinadas. Contudo, ocorreram alguns erros
materiais, pontuais, todos devidamente corrigidos no momento adequado, na forma
prevista no Regulamento Eleitoral, e sem cunho de implicarem qualquer irregularidade. 

Conforme amplamente discorrido em fase de defesa e através


dos documentos que a acompanharam, quando as candidaturas da Chapa Recorrente
foram impugnadas, todas foram devidamente contestadas administrativamente, com a
juntada dos documentos aptos a sanar os erros materiais, exatamente nos termos
previstos no artigo 16, do Regulamento Eleitoral. In verbis:

O candidato impugnado, cientificado oficialmente em 48


(quarenta e oito) horas, pelo Presidente da Federação, terá 72 (setenta e duas) horas
para contestação, juntando provas de seu interesse. Grifos nossos.

Assim, seguindo o rito procedimental previsto no Regulamento


Eleitoral, a Recorrente sanou todas as supostas irregularidades, que na verdade,
reprisa-se, apenas se tratavam de erros materiais e pontuais, sem cunho de gerar
inelegibilidade de qualquer candidato.

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Outrossim, ao contrário do constante da r sentença, em sede de


contestação administrativa, bem como de contestação processual jungida aos autos,
foi amplamente exposta a situação de todos os candidatos citados na r. decisão,
argumentando a Recorrente, de forma defensiva e corroborando cada uma de suas
alegações através de documentos legítimos e pertinentes.

Destarte, ante os robustos argumentos desenvolvidos no bojo


do Recurso Ordinário, bem como dos elementos de prova constantes nos autos, é
nítida a probabilidade de provimento do mencionado recurso.

Outrossim, cumpre salientar que se não for concedido o efeito


suspensivo, ora pleiteado, inquestionavelmente haverá risco de dano grave ou de difícil
reparação em relação não só à Recorrente, mas também a FECOMÉRCIO/SE.

É sabido que a Federação é composta por uma Diretoria e


diversos setores, cada um atuante em um nicho específico, todos trabalhando em prol
do melhor interesse de seus filiados.

A transição da administração, leia-se Presidência, Diretoria,


Conselheiros e Colaboradores, requer tempo e a realização de inúmeros atos
burocráticos. Ou seja, se antes do julgamento do Recurso Ordinário houver uma
transição na administração da Federação e, os pedidos desta Recorrente forem
providos, outra transição precisará ser realizada.

Seguindo o raciocínio acima exposto, mantendo uma linha


hipotética de cumprimento da sentença e provimento do Recurso Ordinário interposto
por esta Recorrente (o que é extremamente possível ante à realidade fática e à
legislação específica que rege o certame eleitoral), ocorreria, apenas no ano de 2022,
05 (cinco) transições na administração da Federação.

Havendo tantas transições assim, os prejuízos sofridos pela


FECOMÉRCIO, seria imensurável!!!

Destarte, é flagrante o risco de dano grave ou de difícil reparação


, caso seja levado a efeito o cumprimento, ainda que provisório, da Sentença proferida
em 31/08/2022, razão pela qual é imperioso que seja concedido efeito suspensivo ao
Recurso Ordinário interposto por esta Recorrente.” (destacado no original).

Conclui requerendo “a CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO AO


RECURSO ORDINÁRIO interposto em 22/09/2022, Id e6b9d68, a fim de que sejam
paralisados os efeitos da r. Sentença, proferida em 31/08/2022, Id 68cd064.”

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Analiso.

Inicialmente, cumpre destacar que os EFEITOS DO


RECEBIMENTO DO RECURSO ORDINÁRIO devem ser estudados, no Direito Processual
do Trabalho, a partir das regras básicas do Processo em Geral, para fácil compreensão
da matéria.

Todo recurso, segundo a lição do querido mestre JOSE


AUGUSTO RODRIGUES PINTO, em sua renomada obra (“RECURSOS NOS DISSÍDIOS DO
TRABALHO. Editora FORENSE), onde cita o saudoso Professor Mozart Victor
Russomano, uma vez recebido, produz um efeito necessário (efeito devolutivo) e outro,
possível (efeito suspensivo). 

O efeito devolutivo, nos ensina o referido mestre, importa na


transferência do conhecimento do processo para a instância ad quem, ou seja, o poder
de impulsioná-lo, examiná-lo e nele decidir.

O efeito suspensivo, segundo a lição generalizada, importa na


paralisação dos efeitos da sentença contra a qual foi interposto o recurso, o que quer
dizer, na prática, o trancamento da possibilidade de execução, mesmo provisória, do
título sentencial.

No Processo do Trabalho vige a regra da simples devolutividade


dos recursos, evidentemente inspirada na sua vocação para a celeridade processual. É
o que diz o art. 899 consolidado, in verbis:

“Art. 899 - CLT. Os recursos serão interpostos por simples


petição e terão efeito meramente devolutivo, salvo as exceções previstas neste
Título, permitida a execução provisória até a penhora”. Grifos nossos.

No entanto, o Professor Mozart Victor Russomano, aqui já


referido pelo eminente mestre baiano, nos ensinou:

“O art. 899 da CLT força o juiz do trabalho a uma vigilância


permanente, obrigando-o a declarar o efeito suspensivo dos recursos, sempre
que sua natureza ou as circunstâncias específicas do litígio o aconselharem.”
(sem negrito no original).

Nessa mesma esteira de entendimento, temos o também


saudoso mestre Amauri Mascaro Nascimento, que, de igual modo, nos ensinou:

“O juiz pode dar efeito suspensivo ao recurso, bastando


formalizá-lo no despacho de processamento do recurso”.

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Por sua vez, o Código de Processo Civil, no Título II (“DOS


RECURSOS”), Capítulo I (“Disposições Gerais”), no artigo 995, dispõe que:

“Art. 995. CPC. Os recursos não impedem a eficácia da


decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso. 

Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá


ser suspensa por decisão do relator se da imediata produção de seus efeitos
houver risco de dano grave de difícil ou impossível reparação e ficar
demonstrado a probabilidade de provimento do recurso.” (Destacamos). 

Dúvida não há que o artigo 769 consolidado autoriza o uso


subsidiário do Processo Civil, no Processo do Trabalho, notadamente, os artigos do
Código de Ritos relacionados ao tema sob exame, ou seja, artigos: 932, inciso II; 995,
parágrafo único; e 1.012, parágrafo 3º, inciso II e parágrafo 4º. 

Assim, o Relator do Recurso Ordinário, por expressa autorização


legal, ainda que por analogia ou uso subsidiário da norma processual civil, poderá
emprestar efeito suspensivo ao recurso ordinário, pleiteado por simples petição do
recorrente ao relator, mesmo em curso de execução provisória já requerida, no Juízo
de Piso, em processo pendente de recurso da sentença de conhecimento, dado o
amplo poder de direção do Processo pelo Relator no Juízo ad quem. 

Estabelecida, com essas considerações, a premissa de que a


regra, no Processo do Trabalho, é a de que o Recurso Ordinário possui apenas EFEITO
DEVOLUTIVO, e que a legislação Laboral prever exceções a essa regra geral, lastreadas
no Código de Ritos e no Poder Geral de Cautela do Magistrado, condicionando, no
entanto, a concessão de EFEITO SUSPENSIVO ao Recurso Ordinário às hipóteses em
que a natureza ou as circunstâncias específicas do litígio o aconselharem ou ainda
quando ‘houver risco de dano grave de difícil ou impossível reparação e ficar
demonstrado a probabilidade de provimento do recurso’, sendo certo ainda que o Juiz
/Relator poderá dar efeito suspensivo ao recurso, desde que pleiteado por simples
petição da parte/recorrente ao relator.

Dito isto, cabe averiguar se, no caso concreto, estão presentes


os requisitos previstos nos arts. 294, parágrafo único, e 300, do CPC, quais sejam: a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo ou,
como já descrito acima, ‘a natureza ou as circunstâncias específicas do litígio o
aconselharem’.

Para tanto, este Relator fez um longo e profundo estudo dos


presentes autos, desde quando o recebeu, por regular distribuição, analisando todos
os aspectos fáticos e jurídicos, desde a Petição Inicial (Ação Anulatória com Pedido

Assinado eletronicamente por: JOSE AUGUSTO DO NASCIMENTO - Juntado em: 02/12/2022 11:43:23 - 788d8a2
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Liminar - ID.0a02974), com todos os documentos que a acompanham e suas


respectivas impugnações; Manifestações dos Réus (ID.6b37fbe); Decisão Liminar do
Juízo de Piso que INDEFERIU A TUTELA PROVISÓRIA pretendida pelos autores da Ação
Anulatória (ID.ef35cac); Impetração de Mandado de Segurança (MS 0000104-
43.2022.5.20.0000 – ID.fdf092a) pelos Autores da Ação Anulatória contra a decisão do
Juiz da 6ª VT de Aracaju, por ter negado a Tutela Provisória pretendida Liminarmente;
Contestação dos Réus: Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado
de Sergipe - FECOMERCIO (ID. F223297) e JOSE MARCOS DE ANDRADE (ID. 90caba2),
com todos os documentos acostados com as respectivas Defesas; Diversas
Manifestações das Partes; Requerimento de Audiência de Conciliação entre as Partes
(ID.eada990 - que não logrou êxito); Manifestação/Parecer do Ministério Público do
Trabalho (ID. 3443e13 - opinando pela denegação da segurança pretendida pelos
autores da ação); Petição dos autores da ação pedindo “Reconsideração da Decisão
que não deferiu a liminar pretendida (ID.8f9cff7); Nova Decisão do Juízo ‘a quo’
negando o pedido de reconsideração dos autores (ID. 6acb87c); Ata de Audiência de
Instrução (ID. E81d22d); Vários instrumentos procuratórios, com outorgas,
substabelecimentos, revogações e cancelamentos de procurações de advogados que
atuaram e atuam no feito, ou seja, inúmeros advogados foram contratados pelas
partes e peticionaram nos autos; Sentença de Mérito do Juízo de Origem (ID. 68cd064);
Embargos de Declaração de ambas as partes, alegando a existência de “vícios”:
CONTRADIÇÃO, OMISSÃO e OBSCURIDADE na Sentença – Chapa 01 (ID. 197892e) e
CONTRADIÇÕES e OMISSÕES – Chapa 02 (ID. A874520), respectivamente; Decisão do
Juiz de 1º grau julgando os Embargos de Declaração (ID. C32e2e0); RECURSO
ORDINÁRIO da Chapa 02 (ID. e6b9d68); RECURSO ORDINÁRIO da FECOMERCIO (ID.
11f575a); Contrarrazões (ID. 252bc70), até chegar ao pedido de concessão de Efeito
Suspensivo ao Recurso Ordinário, através de Petição oferecida pela Chapa 02 (ID.
58c1224).

Como se depreende de tudo que foi relatado acima, os autos


materializam um processo complexo envolvendo inúmeras pessoas físicas e jurídicas,
substituições de advogados, ao longo da tramitação no Juízo de Origem, pedidos
cautelares e liminares, inclusive com o oferecimento de Mandado de Segurança. Houve
uma verdadeira “batalha” jurídica na primeira instância, mais especificamente, perante
o Juízo da 6ª Vara do Trabalho de Aracaju/SE, com o trabalho de competentes
advogados de cada uma das partes.

Fato que chamou a atenção desse Relator, foi a sábia e acertada


decisão do Juízo de Piso ao “chamar o feito à ordem” para REGULARIZAR O POLO
PASSIVO da relação processual, haja vista o fato de que os autores da Ação Anulatória
apresentaram a demanda ‘em face da FECOMERCIO/SE e de mais 42 (quarenta e duas)
pessoas físicas, sem deixar claro a finalidade e a atribuição de cada um’ no processo.
Sem esse “ato saneador”, por certo, não se chegaria a um desfecho da ação.

Assinado eletronicamente por: JOSE AUGUSTO DO NASCIMENTO - Juntado em: 02/12/2022 11:43:23 - 788d8a2
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Vejamos o que disse o Juiz de Piso, na decisão inserta aos autos


sob ID. ef35cac, in verbis:

“INTIMAÇÃO.

Fica V.Sa. intimado para tomar ciência da


Decisão ID 5b1a812 proferida nos autos.

DECISÃO:

ROGER DANTAS BARROS, WALKER


MARTINS CARVALHO, BRENO PINHEIRO FRANÇA e ABEL GOMES
DA ROCHA FILHO pretendem liminarmente a suspensão do
processo eleitoral da diretoria da Fecomercio/SE para o período
2022/2026, até o julgamento da presente ação anulatória, ou a
suspensão do resultado do referido certame, pelos fatos e
fundamentos expostos na petição inicial.

(....).

Analiso.

(....).

Inicialmente, é necessário regularizar o


polo passivo, porquanto os autores ajuizaram a presente ação
anulatória em face da Fecomercio/SE e de mais 42 (quarenta e
duas) pessoas físicas, sem deixar claro a finalidade e a atribuição
de cada um. Entretanto, diante da manifestação do réu José
Marcos de Andrade, que se apresentou como representante da
Chapa 02 que concorre as eleições da Federação do Comércio
de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Sergipe 2022/2026,
retifica-se a autuação para constar no polo passivo apenas a
FEDERAÇÃO DO COMERCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO DO
ESTADO DE SERGIPE e JOSE MARCOS DE ANDRADE (....)”. 

Posto isto, analisando as argumentações que embasam o pleito


sob exame, esclarecendo-se que não se está aqui discutindo a procedência (ou não) da
matéria controvertida na presente Ação Anulatória, com Pedido de Liminar, entendo
que restam configurados o risco de dano grave ou de difícil reparação, ante as
situações excepcionais que envolvem as questões fáticas, cerne dos questionamentos
a serem dirimidos por esta E. Corte.

Assinado eletronicamente por: JOSE AUGUSTO DO NASCIMENTO - Juntado em: 02/12/2022 11:43:23 - 788d8a2
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Com efeito, resta claro para este Relator que a natureza da


causa e as circunstâncias específicas do litígio sob exame, determinam o acolhimento
do pedido de concessão de efeito suspensivo ao recurso ordinário interposto pelo
Requerente, in casu, CHAPA 02, pleito materializado na petição residente nos autos sob
ID 58c1224, sob pena de causar dano grave de difícil ou impossível reparação à
Requerente. 

Justifico, em seguida, o que quero dizer com a “ natureza da


causa” e “circunstâncias específicas do litígio sob exame”.

Como apontado, em itens anteriores deste despacho, a


denominada CHAPA 01 ajuizou ‘Ação Anulatória, com pedido liminar, buscando a
anulação de todos os atos praticados, em certame eleitoral, para direção da
FECOMERCIO/SE relativo ao período 2022/2026, visando a anulação do edital de
convocação das eleições, registro de chapa e até mesmo o resultado das eleições, que
deram vitória à CHAPA 02, querendo ainda a realização de novas eleições para
Fecomercio/SE.

Para tanto, formulou, além dos pedidos contidos na ação


principal (proc. 0000385-782022.5.20.0006), outros pleitos, em sede de ação de
mandado de segurança, como relatado em tópicos anteriores.

A CHAPA 01 teve negado os pedidos cautelares/liminares, bem


como o pleito objeto do mandado de segurança.

Na sentença do Juízo de Piso, foi julgada PROCEDENTE a ação


para declarar a nulidade das eleições, bem como, para conferir competência ao
Conselho de Representantes para deliberar sobre novas eleições, além de determinar
quem conduzirá a Federação até a realização de novo pleito eleitoral.

Ocorre que, em sede de Embargos de Declaração, recurso


oferecido por ambas as partes, houve a alegação, notadamente da Chapa 02, de
existência de vários “vícios” na sentença, tais como, “contradições” e “omissões”, com
alegação da Requerente, inclusive, de que a sentença de 1º grau não está devidamente
fundamentada, como exige o artigo 93, IX, da CF/88, bem assim o art. 489, parágrafo 1º,
incisos III e IV do CPC, se constituindo, tais questões, matéria constitucional e de ordem
pública, que não é o caso de se examinar, neste momento, a procedência ou não de
tais alegações.

Certo é que, na decisão que julgou os embargos de declaração,


o Juízo de Piso, em uma breve e rápida sentença, julgou IMPROCEDENTES os embargos
de de4claração das partes.

Assinado eletronicamente por: JOSE AUGUSTO DO NASCIMENTO - Juntado em: 02/12/2022 11:43:23 - 788d8a2
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Logo, a simples alegação, EM SEDE RECURSAL, de existência de


sentença que violou a Constituição Federal, por não ter sido devidamente
fundamentada, atrai para o Relator a obrigação de analisar tais questionamentos, o
que, por si só, já justificaria a concessão do efeito suspensivo ao recurso ordinário da
Requerente (Chapa 02), vez que, o jurisdicionado tem direito constitucional a uma
sentença completa e adequada, devidamente fundamentada, devendo tais fatos serem
apreciados e decididos antes de qualquer execução da sentença, mesmo que seja
provisória.

Estabelecer a segurança jurídica, nas relações processuais, é


uma obrigação do Poder Judiciário e um direito das partes, sob pena de gerar conflitos
sociais, por falta de atuação completa, adequada e definitiva de prestação jurisdicional
do Estado/Juiz.

Outro importante ponto, que justifica emprestar efeito


suspensivo ao recurso ordinário da Signatária, é o fato de que se apresenta, de forma
nítida, a possibilidade efetiva de prejuízo que será causado à instituição FECOMÉRCIO,
caso seja provido o recurso ordinário interposto pela CHAPA 02, uma vez que, como diz
a Requerente, se afigura plausível o fundamento ora analisado de que “A transição da
administração, leia-se Presidência, Diretoria, Conselheiros e Colaboradores, requer
tempo e a realização de inúmeros atos burocráticos. Ou seja, se antes do julgamento
do Recurso Ordinário houver uma transição na administração da Federação e, os
pedidos desta Recorrente forem providos, outra transição precisará ser realizada.”, o
que poderá gerar, por certo, graves danos e de difícil ou impossível reparação, ante a
instabilidade de curtas alternâncias na direção da Fecomercio/SE.

Ao meu sentir, diante de tudo que consta dos autos, será menos
prejudicial para a instituição Fecomercio/SE manter os atuais dirigentes na direção da
entidade, para dá segurança e estabilidade jurídica aos seus colaboradores, contratos
em vigor e à própria sociedade, até que se defina, de uma vez por todas, se novas
eleições serão realizadas, ou não, e essa resposta se dará com o julgamento definitivo
do recurso ordinário que tramita no TRT da 20ª Região/Se, e que é da minha relatoria,
pois, como já dito anteriormente, o exame da causa em 2ª instância, exigiu deste
Relator, um período de estudo aprofundado da matéria, objeto da lide, estando os
autos em regular tramitação final. 

Ademais, destaco, este E. Tribunal Regional do Trabalho tem se


manifestado, em diversas outras ações/recursos, favoravelmente a pedidos de
concessão de efeito suspensivo a recurso ordinário, conforme se vê nos arestos a
seguir transcritos:

“TUTELA CAUTELAR ANTECEDENTE - ANTECIPAÇÃO DE


TUTELA - INTERPOSIÇÃO DE RECURSO ORDINÁRIO - EFEITO SUSPENSIVO -

Assinado eletronicamente por: JOSE AUGUSTO DO NASCIMENTO - Juntado em: 02/12/2022 11:43:23 - 788d8a2
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PROCEDÊNCIA. Confere-se efeito suspensivo a recurso ordinário interposto com


vistas à sustação da eficácia da tutela antecipada determinada em sentença,
processo 0001174-33.2015.5.20.0003, até o seu julgamento pelo Regional,
quando o pedido vem formulado em tutela cautelar antecedente (ação cautelar
inominada) na qual resta demonstrada a presença dos requisitos autorizadores
da medida, o fumus boni iuris e o periculum in mora. (PROCESSO nº 0000112-
93.2017.5.20.0000 (TutCautAnt). REQUERENTE: ELISAMAR DA SILVA SANTOS
PASSOS. REQUERIDO: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. CUSTOS LEGIS: MINISTÉRIO
PÚBLICO DO TRABALHO DA 20ª REGIÃO RELATORA: DESEMBARGADORA MARIA
DAS GRAÇAS MONTEIRO MELO. Publicação no DEJT em 23/8/2017)”. 

“TUTELA CAUTELAR. PROCEDÊNCIA. CONCESSÃO DE


EFEITO SUSPENSIVO AO RECURSO ORDINÁRIO. Restando preenchidos os
requisitos da fumaça do bom direito (fumus boni iuris) e do perigo da demora (
periculum in mora), julga-se procedente a tutela cautelar para tornar definitiva a
liminar concedida que conferiu efeito suspensivo ao recurso ordinário nos autos
da reclamação trabalhista nº 0000668-71.2017.5.20.0008. Tutela cautelar
conhecida e julgada procedente. (AÇÃO/RECURSO: TUTELA CAUTELAR
ANTECEDENTE N° 0000333-08.2019.5.20.0000. ORIGEM: T.R.T. DA 20ª REGIÃO.
PARTES: REQUERENTE: CEQUIPEL INDÚSTRIA DE MÓVEIS E COMÉRCIO DE
EQUIPAMENTOS GERAIS LTDA. REQUERIDA: SUSI SOUZA SANTOS. RELATOR:
DESEMBARGADOR THENISSON SANTANA DÓRIA. Publicação no DEJT em 4/12
/2019)”.

“TUTELA CAUTELAR. PROCEDÊNCIA. CONCESSÃO DE


EFEITO SUSPENSIVO AO RECURSO ORDINÁRIO. Restando preenchidos os
requisitos da fumaça do bom direito (fumus boni iuris) e do perigo da demora (
periculum in mora), julga-se procedente a tutela cautelar para tornar definitiva a
liminar concedida que conferiu efeito suspensivo ao recurso ordinário nos autos
da reclamação trabalhista nº 0000852-39.2017.5.20.0004. (AÇÃO/RECURSO:
TUTELA CAUTELAR ANTECEDENTE N° 0000390-26.2019.5.20.0000. ORIGEM: T.R.T.
DA 20ª REGIÃO. PARTES: REQUERENTE: VOTORANTIM CIMENTOS N/NE S/A.
REQUERIDO: ROBERTO CARLOS DOS SANTOS. RELATOR: DESEMBARGADOR
THENISSON SANTANA DÓRIA. Publicação no DEJT em 7/4/2020)”.

“TUTELA CAUTELAR ANTECEDENTE. PROCEDÊNCIA. É de


ser julgada procedente a tutela cautelar antecedente quando se vislumbra a
presença do fumus boni juris e do periculum in mora. In casu, se do teor da
decisão impugnada extrai-se que a empresa autora foi condenada a cumprir
obrigação de pagar o adicional de insalubridade em grau máximo aos
empregados que trabalharam em seu favor até 16/07/2018, antes do trânsito em
julgado da decisão, sob pena de multa, a situação exposta gera insegurança

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jurídica para a empresa, já que existe processo próprio para cobrança de quantia
certa contra devedor solvente, e é o previsto em lei.(PROCESSO nº 0000118-
95.2020.5.20.0000 (TutCautAnt). REQUERENTE: CAVO SERVIÇOS E SANEAMENTO S
/A. REQUERIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. RELATOR: FABIO TÚLIO
CORREIA RIBEIRO. Publicação no DEJT em 22/7/2020).”

Urge salientar que o próprio Tribunal Superior do Trabalho (TST)


tem concedido efeito suspensivo ativo a recurso ordinário sempre que a situação exige,
conforme se constata na recente decisão abaixo transcrita, em síntese, in verbis: 

“PROCESSO No TST-ROT - 370-93.2020.5.13.0000

Recorrente: UNIÃO (PGU)

Procurador: Dr. Ubirajara Casado

Recorrido: ASSOCIACAO DOS OFICIAIS DE JUSTICA AVALIADORES


FEDERAIS

Advogado: Dr. Rudi Meira Cassel

Autoridade Coatora: DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO


TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 13a REGIÃO

DECISÃO

Vistos, etc.

Cuida-se de pedido de concessão de efeito suspensivo ativo ao


recurso ordinário aviado nos presentes autos de mandado de segurança coletivo,
impetrado pela Associação dos Oficiais de Justiça Avaliadores Federais em face de ato
do Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 13a Região, por meio do qual foi
consignada a impossibilidade de cumulação das parcelas de VPNI de quintos e GAE
pelos substituídos. Desse modo, a autoridade dita coatora ordenou a instauração de
processos administrativos para que os beneficiários da cumulação optassem por uma
ou outra vantagem.

[...]

De outro norte, mesmo sob o enfoque do art. 520 do CPC de


2015, o pedido de cumprimento provisório do acórdão recorrido pelo substituto
processual deve ser visto com cautela. Com efeito, a doutrina é unânime no sentido de
que os exequente assume responsabilidade pessoal e objetiva por eventual dano
causado à parte adversa, notadamente em caso de reforma da decisão exequenda. Por
isso, embora seja inquestionável a legitimidade da associação para pleitear a execução

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em favor dos substituídos (art. 97 do CDC), convém destacar que o regime jurídico do
cumprimento provisório de sentença é potencialmente lesivo aos substituídos,
conforme se infere dos termos do art. 520 do CPC/2015:

Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por


recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado da mesma forma que o
cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime:

I - corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se


obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido;

II - fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule a


sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidando-
se eventuais prejuízos nos mesmos autos;

[...]

§ 5o Ao cumprimento provisório de sentença que reconheça


obrigação de fazer, de não fazer ou de dar coisa aplica-se, no que couber, o disposto
neste Capítulo.

[...]

Diante disso, com fundamento no art. 1.029, §5o, do CPC de


2015 e na Súmula 414, I, do TST, defiro a tutela de urgência pleiteada pela União para
atribuir ao recurso ordinário aviado nesses autos efeito suspensivo ativo, de modo a
obstar a sua execução provisória até seu exame pelo Órgão Especial dessa Corte
Superior.

Oficie-se com urgência à autoridade coatora, bem assim ao


Exmo. Desembargador Federal do Trabalho Thiago de Oliveira Andrade, relator da
TutCautAnt 0000287-43.2021.5.13.0000 perante o Regional da 13a Região, inclusive
pela via telefônica, dando-lhes ciência dessa decisão. Certifique-se. 

Publique-se.

Brasília, 5 de agosto de 2021.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)

MARIA HELENA MALLMANN

Ministra Relatora”.

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Fls.: 13

Por fim, cumpre esclarecer, a forma escolhida pela Requerente


(CHAPA 02) para pleitear a concessão de efeito suspensivo ao recurso ordinário,
interposto nos autos, ou seja, por simples petição dirigida ao Relator, em vez de pedido
formulado em sede de Ação Cautelar - Tutela Cautelar Antecedente, com pedido de
Antecipação de Tutela, como já posto anteriormente, em nada prejudica a análise e
deferimento do pleito, diante do fato da Requerente ter suscitado, em sua petição, a
presença dos requisitos previstos nos arts. 294, parágrafo único, e 300, do CPC, quais
sejam: a probabilidade do direito (fumus boni iuris) e o perigo da demora (periculum in
mora), bem como o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo ,
restringindo-se tal discussão à questão acadêmica, quanto ao “nome juris” da forma do
pedido, o que resta sem razão, diante das regras e axiomas que norteiam o Direito
Processual, in casu, o Princípios da Instrumentalidade dos Atos Processuais e o
Princípio da Adequação da Forma do Ato Processual, além do Princípio da Fungibilidade
, tudo plenamente compatível com as regras do Direito Processual Comum e do Direito
Processual do Trabalho. 

Ante o exposto, diante dos documentos residentes nos autos


sob ID ac2be23 (ofício encaminhado pelo Banco do Brasil), ID   ID c9c560b (decisão
liminar proferida pela 6ª Vara do Trabalho de Aracaju, na Ação de Cumprimento
0001063-93.2022.5.20.0006), estando presentes, concomitantemente, os requisitos
autorizadores do deferimento da pretensão ora examinada, defiro efeito suspensivo
ativo ao recurso ordinário interposto pela CHAPA 02, de modo a obstar a sua execução
provisória, deferida em Ação de Cumprimento retrocitada, tornando sem efeito todas
as decisões do Juízo de primeiro grau, em sede de execução provisória (Ação de
Cumprimento 0001063-93.2022.5.20.0006), inclusive em caráter liminar, relativa a este
processo principal, bem como tornar sem efeito, ainda, todos os atos praticados pela
parte autora, denominada CHAPA 1, que tem como partes: ROGER DANTAS BARROS,
WALKER MARTINS CARVALHO, BRENO PINHEIRO FRANÇA E ABEL GOMES DA ROCHA
FILHO, bem como tornar sem efeito a “ATA DA ASSEMBLEIA EXTRAORDINÁRIA DO
CONSELHO DE REPRESENTANTES DA FEDERAÇÃO DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E
TURISMOS DO ESTADO DE SERGIPE - FECOMÉRCIO/SE REALIZADA EM 03/11/2022", o
Of. Nº     /2022, datado de 11/11/2022, dirigido ao Ilmo. Sr. Gerente Geral, Sr. Bruno
Fonseca Pereira, Gerente Geral da Agência 1224-6/Empresa Aracaju-SE, assinado pelo
Sr. Walker Martins Carvalho, bem assim qualquer outro ofício expedido pelo Sr.
WALKER MARTINS CARVALHO, relativo a este processo, em fase executória, a qualquer
outra instituição financeira ou pessoa jurídica pública ou privada, intitulando-se
Presidente da FECOMÉRCIO/SE, até decisão final transitada em julgado. 

Encaminhe-se, por e-mail, com urgência, ao Juízo da 6ª Vara do


Trabalho de Aracaju/SE, dando-lhes ciência dessa decisão. 

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Fls.: 14

Intimem-se as partes desta decisão, IMEDIATAMENTE POR


OFICIAL DE JUSTIÇA.    

Oficie-se ao Banco do Brasil e à CEF, nos endereços constantes


da inicial da Ação de Cumprimento de Sentença, IMEDIATAMENTE POR OFICIAL DE
JUSTIÇA, informando que o SR. JOSÉ MARCOS DE ANDRADE continua como Presidente
da FECOMÉRCIO, até o trânsito em julgado da decisão, tornando sem efeito todos os
atos e petições direcionadas ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal, pelo Sr.
WALKER MARTINS CARVALHO, o qual se intitulava Presidente da FECOMÉRCIO/SE.

ARACAJU/SE, 02 de dezembro de 2022.

JOSE AUGUSTO DO NASCIMENTO


Desembargador Federal do Trabalho

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https://pje.trt20.jus.br/pjekz/validacao/22120210091664800000008003385?instancia=2
Número do processo: 0000385-78.2022.5.20.0006
Número do documento: 22120210091664800000008003385

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