InternetData CenterAssinante

Forquilhinha/SC - 26 de abril (Parte 1)

110 anos de fundação colonização alemã e 33 anos de emancipação político administrativo
Forquilhinha/SC - 26 de abril (Parte 1)
Por Willi Backes Em 04/04/2022 às 09:04

FUNDADORES E AMBIENTE POLÍTICO

Forquilhinha, colônia no sul catarinense, foi fundada por Famílias Alemãs em 26 de Abril de 1912, em território do então Distrito de Cresciuma no município de Araranguá.

Naqueles tempos, o Brasil tinha na Presidência da República o Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca, gaúcho de São Gabriel, eleito pelo PRC -  Partido Republicano Conservador, para o período 15/11/1910 à 15/11/1914.

Em Santa Catarina, eleito pelo voto popular para o período 29/9/1910 à 28/10/1914, também pelo PRC, era Governador Vidal José de Oliveira Ramos Júnior. Em Araranguá, terras em que a colônia de Forquilhinha foi iniciada, tinha na Superintendência João Fernandes de Souza, indicado para cargo equivalente ao hoje Prefeito, para o período de 10/12/1902 à 31/10/1926. Cresciuma, naqueles tempos Distrito Territorial, tinha Marcos Rovaris eleito para o Conselho Municipal de Araranguá, cargo similar ao de Vereador.

No decorrer dos primeiros anos da colonização se instalaram em Forquilhinha Famílias Alemãs com sobrenomes como Arns, Back, Backes, Beckhauser, Berkenbrock, Berlanda, Boeing, Borgert, Buss, Eyng, Feuzer, Fritzen, Hahmann, Heerdt, Hobold, Hoepers, Horr, Junkes, Kammer, Kestering, Kuhnen, Kulkamp, Kurtz, Loch, Maag, Michels, Nuernberg, Preis, Ricken, Schmitz, Schmoeller, Schneider, Sehnem, Semler, Senior, Speck, Spegel, Steiner, Tiscoski, Warmling, Wessler e Westrup.

Em 10 de Abril de 1959, Forquilhinha foi elevada à categoria de Distrito de Criciúma.

Em 26 de Abril de 1989, Forquilhinha alcançou Emancipação Político Administrativa de Criciúma, através de Lei Estadual n. 7.587.

Em 2021/2022 o município de Forquilhinha tem área territorial com 183,351 km2 e população estimada de 30.000 habitantes/residentes.

 

EPOPÉIA, COLONIZADORES NA BUSCA DO ELDORADO

O PRINCÍPIO FOI ASSIM

No início do Século XIX o continente Europeu sofria com as consequências do que se convencionou chamar de período das Guerras Napoleônicas – 18 de Maio de 1803 à 20 de Novembro de 1815 - notadamente entre a França e o Reino Unido. Em 1806 a França declarou bloqueio continental para impedir relações dos demais países com os ingleses. O Reino de Portugal discordante da medida radical, em 1808, transferiu a Família Real sob Regência de D. João VI e Corte Portuguesa, aos milhares, para o Brasil.

Durante décadas, principalmente nos 10 anos em que o Brasil foi capital do Reino de Portugal, a Família Real trabalhou ardorosamente para conquistar confiança de famílias europeias, também atingidas pelas guerras, para atraí-las para o mundo novo, inóspito e desconhecido no velho continente. 

Sem ou com raras alternativas econômicas e sociais nos seus países de origem, centenas de milhares famílias italianas, alemãs, portuguesas e polonesas em destaque, embarcaram para aventura transatlântica.

Da Alemanha, o primeiro grupo de imigrantes aportou no Rio de Janeiro, Brasil, em 1825 e foram alojados no Vale dos Sinos, hoje São Leopoldo, na Capitania de São Pedro, hoje Estado do Rio Grande do Sul.  

Na Província de Santa Catarina, com chegada no Porto do Desterro, hoje Florianópolis, tendo como primeiro destino o Rio de Janeiro e objetivo em acessar terras no sul catarinense, em 1828 chegaram famílias alemãs oriundas da região do Mosela (Rio Mosel, Mosella) na Alemanha. Inicialmente foram alojados precariamente em palhoças, sistema construtivo que mais tarde iria denominar o município de Palhoça.

Parte das famílias alemãs colonizadoras seguiu para áreas agricultáveis de São Pedro de Alcântara, outras se estabeleceram ao longo do Rio Cubatão, em terras próximas ao hoje município de Santo Amaro da Imperatriz.

A partir de 1870, inúmeras famílias transferiram suas moradas ao longo do Rio Cubatão, formaram comunidades como Rio dos Bugres e Vargem Grande, e para mais ao sul, se estabelecendo na região que hoje forma o município de São Martinho.

Nesta região, os imigrantes alemães se integraram com desbravadores de origem açoriana, fundadores das comunidades mais tarde municípios de Gravatal e Armazém, bem como, a outros grupos de alemães oriundos da Westfália, Alemanha, e estabelecidos na colônia do Capivari. Desbravadores, esses grupos de colonizadores, através dos Rios Tubarão e Rio Braço do Norte vieram a fundar e produzir em localidades que hoje são os prósperos municípios de Braço do Norte e São Ludgero.

No fim do Século XIX e início do Século XX, circulavam informações nas colônias alemãs, dando conta que mais ao sul, existência de amplas planícies férteis em região denominada Vale do Rio Araranguá.

 

FUNDAÇÃO DA COLÔNIA FORQUILHINHA, EM ARARANGUÁ, NO DISTRITO DE VILA SÃO JOSÉ DE CRESCIUMA

A primeira e segunda geração de filhos das famílias alemãs imigrantes, nascidas no Brasil, aglomeradas em pequenas propriedades nos vales próximos e ao lado do Rio Tubarão, foram em busca de novas áreas com características apropriadas para o cultivo na lavoura e criação na pecuária para subsistência, mas também, para possível comercialização.

Da colônia de Capivari, grupo de colonizadores formado por Henrique e Germano Berkenbrock, Germano Boeing, Felipe Arns e João José Back, estiveram em localidades hoje conhecidas como Morro Estevão e Morro Albino em Criciúma, Rios Mãe Luzia e Manoel Alves nos hoje municípios de Nova Veneza, Morro Grande e Meleiro, com poucas possibilidades de aquisições.

Quase que simultaneamente, em 1907 e 1908, da Colônia de São Ludgero, colonizadores pioneiros como Bernardo e Antônio Kestering, Teodoro Stangen e Antônio Warmling, adquiriram terras férteis ao longo do Rio São Bento, na comunidade de Nova Veneza, fundada em Outubro de 1891, pertencente ao município de Araranguá. Ao mesmo tempo, juntaram-se ao grupo, famílias alemãs vindas do afluente do Rio Braço do Norte formada por José, Antônio, Jerônimo, João e Matias, todos da família Michels, João Backes, Antônio Nuernberg e Teodoro Waterkemper. 

 

VISITA AO SUL COM INTERESSES EMPREENDEDORES

Em 1910, novo grupo de colonizadores das famílias alemãs da Colônia de Capivari, partiu para visitação à Vila do São Bento, em Nova Veneza, para confraternização com os parentes já ali estabelecidos, e, procura de novas terras para se estabelecerem. Faziam parte do grupo João José Back, Geraldo e Gabriel Westrup, Guilherme e Francisco Back, e, Gabriel Arns.

Após rápida estadia, o grupo de exploradores, acompanhados pelos já residentes na Vila São Bento, Gabriel Backes filho de João Backes e Jerônimo Michels, partiram para uma longa e penosa jornada ao longo do Rio Cedro, Rio Morto, Rio Manoel Alves e Rio Jundiá, Morro do Bodoque e Morretes, até o deságue do Rio Mãe Luzia no Rio Araranguá, no hoje município de Maracajá. Por esses caminhos, encontraram moradores dispersos já exercendo suas atividades nativas de subsistência.

Para retornar a Vila São Bento, os exploradores subiram pelas margens do caudaloso Rio Mãe Luzia para conhecerem as terras agricultáveis e possíveis de serem adquiridas.

 

OS NATIVOS NAS MARGENS DO RIO MÃE LUZIA

Próxima da Vila São Bento, comunidade conhecida por Mãe Luzia, também denominação do grande rio que por ali passava, já no início do Século XX, estavam ali alojadas famílias Lituanas, Letões, também imigrantes europeus, com sobrenomes como Steckert, Kauling, Frischenbruder, Skolmester, Heidrichson, Hiakpson, Speck, Fischer e Melo. Eram de formação Adventista e ou Batista, praticavam agricultura de subsistência e tecelagem de lã.

Mais ao sul, próximas ao Rio Mãe Luzia, antes do estabelecimento da colônia de Forquilhinha, já habitavam na região famílias de origem Russa com sobrenomes Cuba e Uteruski, Polonesa Langer e Tiscoski, alemã da Prússia Oriental, com atividades madeireiras e plantio de subsistência. As famílias logo se integraram com a nova colônia em implantação, com destaque para a família de Adolfo Tiscoski, casado com Alvina Sauer, este, inicialmente morador de Nova Veneza. Dois dos filhos do casal, Frederico e Luis Tiscoski, nasceram no local antes mesmo da fundação da nova colônia.

 

OS DONOS DAS TERRAS

As terras nas duas margens do Rio Mãe Luzia, área com 690 ha e que estavam à venda, pertenciam aos irmãos Amaro e José Canela, moradores da comunidade de Nova Veneza. Outra parte significativa das áreas pertenciam a Família Colaço, de Tubarão. A área estava dividida em lotes de 1.132 metros de frente para o rio e 6.000 metros de fundo.

Os primeiros adquirentes das terras do que seria no futuro parte significativa do distrito e município de Forquilhinha, foram Gabriel Arns, Geraldo Westrup, João José Back, João Backes e José Michels nas áreas na margem esquerda do Rio Mãe Luzia e, José Arns e Augusto Arns na margem direita do rio.

 

OS PIONEIROS NAS NOVAS PROPRIEDADES

Em 1911, Geraldo Westrup, João José Back e os filhos Geraldo e Adolfo, mais Gabriel Arns, trouxeram da colônia do Capivari cargueiros com ferramentas, viveres e roupas, e se instalaram nas terras adquiridas. Iniciaram a construção de pequenos ranchos para alojamento e deram início aos primeiros preparos da terra para plantio das lavouras de milho, batata e arroz.

A mudança definitiva das famílias vindas das colônias de Capivari, São Martinho e São João para Forquilhinha, ocorreu em Abril de 1912, sendo as primeiras as de João José Back, José Arns, Gabriel Arns, Geraldo Westrup e Bernardo Warmling, sendo este considerado como primeiro pioneiro na nova colônia.

 

O PRIMEIRO FILHO DA COLÔNIA ALEMÃ

Em 13 de Fevereiro de 1914 nasceu a primeira criança dos colonizadores de Forquilhinha, filho de José Back e Isabela Westrup Back, batizado Apolinário Back, mais tarde, Frei Jerônimo, Padre da Ordem dos Franciscanos.

Eleito Definidor da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, trabalhou intensamente nos últimos anos de vida na construção do Seminário de Ituporanga, Santa Catarina. Faleceu prematuramente em 31 de Dezembro de 1983, com 69 anos de idade.

 

NOVAS FAMÍLIAS NA COLÔNIA

Entre 1915 e 1917 chegaram novas famílias a Colônia de Forquilhinha: Davi e Joaquim Junkes, Bernardo, Antônio e José Eyng, Nicolau e João Preis, Evaldo, Edmundo e Francisco Hoepers, Jorge e José Steiner, Frederico Hahmann, Felipe Boeing, Antônio Heerdt, Pedro João Loch, João Kurtz Sênior, João Kurtz Filho, Carlos Kühlkamp e Matias Back.

Nas décadas de 20 e 30 do Século XX, novas famílias de origem alemã se instalaram em terras contínuas das inicialmente adquiridas, foram elas: José Wessler, Paulo Machado, Gregório Westrup, Pedro Steiner, Ernesto Beckhauser, Martinho Kammer, Norberto Sehnem, Francisco, Matias e Augusto Loch, e, Augusto Schmoeller.

Parte significativa dos citados fundadores, quando da mudança e moradia na vila de Forquilhinha, vieram solteiros ou acompanhados das esposas e também filhos.

 

Fotos/Reproduções:

1 . Portal município de Forquilhinha

1 .1. Mapa Colonização Alemã no Sul do Brasil

1 .2. Primeiras Construções em 1915

1 .3. Professores Adolfo Back e Jacob Arns

1 .4. Primeira Missa Frei Jerônimo Back

1 .5. Professor Adolfo Back e Familiares

1 .6. Luís Tiscoski e Familiares

1 .7. Filipe Arns e Familiares

1 .8. Fundadores e Descendentes

 

Do autor:

26 de Abril (Parte 1) - Em pequenos “partes/capítulos”, pesquisados em obras publicadas pelo Prof. Adolfo Back e inúmeras famílias residentes, bem como em arquivos oficiais e públicos, resumo da trajetória histórica da comunidade de Forquilhinha.

Escusas pelos eventuais equívocos e/ou lapsos históricos.